sábado, 30 de janeiro de 2010

Flashes


A vista do Pantheon, certa noite, com as luzes apagadas. De alguma forma, o cinza das nuvens se refletia em sua cúpula, e a imagem era emoldurada pelos telhados de Paris.

O som da neve caindo quando a rua está vazia, floc floc floc. A bandeira soprada pelo vento no alto do Castelo dos Mouros, em Sintra, flop flop flop.

A sensação de frio na sola dos pés, após meia hora de caminhada no Luxembourg. O gosto do vinho espanhol, com os tapas finos do La Vinya del Senyor.
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O cheiro da chuva nos trópicos, mesmo quando não chove.
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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Drops


E agora ?

Depois de um ano de atividade frenética, tudo para e descobre-se simultaneamente o tempo livre e a dificuldade de lidar com ele (“Férias é esquisito”). Alguns, incapazes de lidar com a nova situação, tentam descrevê-la usando o vocabulário do ano passado (“Agora estou de férias, de fato e de direito”). Outros vivem na espera de um acontecimento muito importante, e essa espera faz com que qualquer atividade cotidiana se transforme em um ato vazio. É quando sobrevém o tédio. Para espantá-lo, vão ao cinema, assistam “Tokyo” e me falem a respeito.

“To the land of snow and ice”

Estranhamente, vivo em frenética atividade. Reservas, contatos, palestras, roteiros: até o final de janeiro, os Alegres Colóquios estarão na estrada. O blogspot anda errático, nem sempre consigo acessar. Assim, o projeto de redigir um “Diário de Bordo” durante a viagem vai por água abaixo. Lado bom: não carregar trastes eletrônicos (o viajante sábio é o que leva a menor bagagem). Outro lado bom: não me verei na obrigação de registrar pensamentos profundos quando nada acontece.

E agora 2 ?

Estranho mesmo é o movimento do desejo, quando ele só consegue ser aplacado com a aceitação do Outro. Cada vez que dizemos, “eu quero”, duas soluções são possíveis: consigo o que quero ou não consigo o que quero. A situação é completamente diferente quando dizemos “eu quero você”, pois nosso objeto de desejo passa a ser ao mesmo tempo um sujeito possuidor de desejo próprio. Na verdade, cada vez que dizemos “eu quero você”, o que exatamente queremos ? Um sujeito submisso, pois cede ao nosso desejo (e, portanto, tornado objeto) ou um sujeito autônomo, dono do seu próprio querer (e do qual eventualmente nós não fazemos parte) ?