quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ouro Preto


O primeiroAdicionar imagem frio do ano aguça a memória. O inverno traz Ouro Preto, que sempre foi e sempre será uma cidade infinita. Nunca se deve deixar de voltar para Ouro Preto, em cada viagem algo novo sempre é descoberto. A partir da regularidade da viagem (todo ano, em julho, de ônibus, levando um grupo) uma questão surge e fica no ar: se a cidade é sempre a mesma e os lugares visitados são os mesmos, o que muda ? Só pode ser o viajante, que vai se redescobrindo como uma pessoa diferente a cada retorno, e sabemos que isso é que dá valor a uma viagem.
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Gostaria de poder falar sobre Ouro Preto da mesma forma que o Paulão, antigo professor de História do Brasil do Anglo. Se não com as mesmas palavras com que ele me apresentou a cidade pela primeira vez, pelo menos com a mesma paixão com a qual ele descrevia Ouro Preto em sala de aula, falando da Inconfidência Mineira, e que fez com que um aluno, em um momento qualquer da década de 1980 desabafasse: “Pô, Paulão, por que você não leva a gente pra Ouro Preto ?”. Assim nasceu a primeira viagem do Anglo para as cidades históricas de Minas Gerais.

Entrei na aventura bem mais tarde, como convidado, e jamais esquecerei cada detalhe da primeira vez que estive em Ouro Preto, em 1999. A paisagem surpreendente, o ar da montanha, a visão noturna do Colégio onde nos hospedamos, a arquitetura da cidade explicada minuciosamente pelo Paulão. Os becos estreitos cobertos de névoa, ganhando ares de mistério. O frio da cidade contrastando com o fogo das paixões.

Porém, o aspecto mais encantador da viagem sempre foi a possibilidade do convívio entre as pessoas sem as restrições habituais do cursinho, como os horários rígidos balizados pelo toque do sinal ou mesmo o número excessivo de pessoas. Em Minas, os encontros se multiplicam e, sob o impacto das descobertas do dia ou mesmo da cachaça de Minas, acabam por transformar cada conversa em um Alegre Colóquio. Paulão era mestre no colóquio de botequim, falando de história, de música, da MPB que ele tanto gostava, das lembranças de viagens anteriores com outras turmas, de sua vida dura de estudante durante o regime militar. Paulão falava sobre o que era ser negro no Brasil. E tudo isso no meio de noites infindáveis, sob o espetacular firmamento de Ouro Preto, pelo menos antes que a névoa começasse a cair na alta madrugada.

Herdei a viagem em 2003 (estranha herança sem testamento), e imprimi o meu caráter ao roteiro: menos história do Brasil, mais história da Arte; menos pinga com mel, mais Filosofia. Foi quando fiz as minhas próprias descobertas, imediatamente compartilhadas com os alunos, como a obra do mestre Athaíde e seus anjinhos ou a igreja do Rosário e sua surpreendente fachada curva. Todavia, a parte que mais me honra nessa herança é a possibilidade de ser o novo anfitrião de Alegres Colóquios cada vez mais vibrantes.

As turmas de 2007 e 2008 foram talvez as melhores em todos os tempos, e passaram a fazer parte dessa longa corrente que dura já mais de vinte anos. E é isso que me empolga em manter a tradição da viagem: compartilhar descobertas, ir além da nossa experiência de cursinho limitada por quatro paredes, proporcionar o mesmo espanto que tive ao contemplar o barroco mineiro (que me ensinou um novo olhar), sentir o impacto da memória das minas. Me empolgo ao proporcionar a todos a possibilidade de fazer parte dessa corrente.

Leio comentários no blog de pessoas que estiveram na viagem cinco, seis anos atrás e hoje acompanham minhas divagações: agora não são mais alunos, mas continuam sendo companheiros de descobertas. Fico sensibilizado e não consigo deixar de imprimir a esse post um caráter emotivo, assumindo o lado confessional que sempre tento evitar desde que inaugurei o blog.

Faço a todos que me lêem um convite para participar de Alegres Colóquios nas cidades históricas de Minas Gerais, do dia 22 ao 26 de julho, ou então de 27 a 31. Quem não for mais do Anglo que se sinta convidado do mesmo jeito, sempre fico feliz em receber ex-alunos no grupo.

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Na foto, a turma de 2007 descobre, perplexa, as imagens que se escondem nas sombras da escultura de Aleijadinho. As caras são ótimas: alguns enxergam, ficam encantados; outros ainda não e forçam a vista apertando os olhos. À direita, um menino esfrega os olhos, exausto. Nessa hora, minha explicação não basta: as pessoas tentam se ajudar umas às outras, tentam ensinar como olhar diferente.

26 comentários:

Anônimo disse...

Gian =)

brincou que quem não faz mais anglo pode ir!

Vou conferir meus horários no Cervantes, mas se eu tiver uma mínima possibilidade de ir, estarei lá com certeza. Aquela viagem foi inesquecível.

Beijos,
Mari.

Iris disse...

Nossa, a cada dia que passa, me empolgo mais com essa viagem. Sem dúvida estarei lá para aprender um pouco mais do nosso Brasil, que por muitas vezes (muito que frequentemente) deixamos de admirar por valorizarmos o que vem de fora.
Nada contra os gringos, mas a cultura brasileira também é muito rica e merece a valorização de seus habitantes.

Enfim, vamos para Ouro Preto!
Beijos,
Iris

Sentir disse...

Eu vou!

Renata M. disse...

Gian,eu quero irrrrrrrrrrrr!!!!!
Mas só se vc for.

Falando nele, por onde amda o Paulão, hein?

Beijos.

Unknown disse...

Recomendo vivamente!

Willzito disse...

O primeiro ano d Anglo tive aula com o Paulao, jah no segundo ele tinha ido embora por causa dakele rolo com Anglo e Ferracine. Paulao foi defender o amigo e rodou - sabemos q o Anglo soh vê os professores como funcionarios q podem ser substituidos... enfim. Lembro q meus amigos foram a Ouro Preto, voltavam maravilhados. Lembra quando Paulao contava historia da ditadura num bar no Bexiga? eu chorava.
Sinto tantas saudades d vcs q ate desviei do assunto principal hehehehe. Vc eh o novo "Paulao d Ouro Preto", ensina historia entre um 'te quiero bandido' e outro. Ouro Preto tem sua magia sim, mas para nós a grande magia esta em olhar o lugar sendo guiados por professores(q se tornam referencias) como vc.

Willzito disse...

Alias tive a sorte d ser moderador da sua comunidade no Orkut e d ter criado a comunidade do Paulao. Lembra do "giz da cor Gian"?? hehhe..abaixo o link.

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=457275

Fábio C. disse...

Terei o imenso prazer de participar dessa viagem. Estou muito ansioso com o que irei aprender e sentir!

Gian disse...

Mari: Cervantes ? Que eu me lembre vc estudava RI na PUC. Mas vamos, vamos, vamos, sim, vc e o Ricardo (uia... acertei o nome ?), porque os dois perderam várias coisas na viagem do ano passado !

Iris: vc é a Iris do Anglo Sergipe ? Valeu por prestigiar o blog... e a viagem !

Juliana, obrigado, beijo !

Will, essa história do Paulão e do saudoso Ferracine me parece mais um daqueles mitos que os alunos inventam, coisas que eles concluem por conta própria. Foi isso não. E a comunidade é ótima, ler aqueles troços do Paulão dá uma p. saudade !

E valeu, Fábio C. , espero não decepcionar !

Unknown disse...

aaah eu faço parte da turma de uma das melhores viagens do gigis pra ouro preto *__*
eu ainda passo lá no anglo só pra te encher um pouquinho.
ai gigs apesar da aula de cinema ser genial, nenhuma é tão boa e divertida como a sua .-.
saudades enormes ok, de ouro preto e de vc, mesmo vc sendo um monstro insesível haha
ai que invejinha da turma desse ano.
beeijos

Iris disse...

Em resposta:
Não, professor...Tamandaré, sala 17.
=D

Daisy K. disse...

Estou igualmente ansiosa como muitos devem estar para ir nessa viagem.

Acho que não só pela viagem em si, mas a chance de descobrir Ouro Preto com sua ajuda e tentar ver coisas por ângulos que sozinha não veria.

E claro, espero depois que nossa viagem seja incluída como as melhores em todos os tempos, ahahah!

Beijos!

Emy disse...

Rica Vila!
Quente, fria, pomposa e encantadora.

Vamos todos!!!

Diferencial de 2009...Festa Julina em Vila Rica! Gian=noiva; Armando=noivo

Quem se candidata a padre?

Nahla Ibrahim Barbosa disse...

Eu vou fazer de tudo pra ir!!
Não estudo mais no anglo,m estude ano passado!!
Mas é incrivel a paixão que vc sente pelo que faz e transmite isso às pessoas. É emocionante.

Jéssica Barbosa disse...

Jamais me esquecerei das infinitas ladeiras de Ouro Preto! Ahhhh se elas falassem o que aquela pinga com mel é capaz... rsrs. Voltei para nossa querida O. Preto no carnaval. Vc choraria ao ver o que fazem com a cidade. Felizmente eu guardo outras imagens de lá, graças a você. Beijos
Jéssica (Turma O. Preto 2005)

Gian disse...

Noooossa ! Tenho medo de pensar sobre o que acontece com a cidade no "famoso" caranvale de Ouro Preto... urgh !

Marisa disse...

Também recomendo vivamente a viagem!
Adorei a cidade, as amizades que fiz lá(e que duram até hoje, mesmo após sair do cursinho e tomar um rumo tão diferente dos amigos), a cultura do lugar e o conhecimento que livro ou aula nenhuma pode te oferecer. Com certeza essa é uma viagem que jamais esquecerei.
E o Gian é o cara!! Saudades de você Gigi!
Sucesso sempre!
Beijos Miza

Anônimo disse...

Sim sim Gian, eu faço RI na PUC =)
Mas é sempre bom fazer um curso de línguas, anh? Hahahaha.

Mas depende, só vou se você me deixar saber onde é a sua suite papal, afinal, eu já fui ano passado, sou veterana! =D

Gian disse...

Mizaaa: sabe que vc tirou a melhor foto de Ouro Preto em todos os tempos, né ? E adivinha se eu não perdi... manda ela de novo, manda ? Beijão !

Mari: ah, não posso contar. A suite papal fica ao lado do quarto do padre José, um lugar que não deve ser divulgado, ho ho ho !

Marisa disse...

Só se você der uma reboladjinha Gigi!
A propósito, não devolveram mais a placa da mina de ouro???
Isso é realmente triste... um dos momentos pitorescos para tirar foto foi perdido...
Acho que você deveria protestar em nome do patrimônio histórico de Minas!

Unknown disse...

Aiii, eu vou! s2 Expectativa para talvez entrarmos no ranking de uma das melhores viagens de todos os tempos! Sera? hahaha
E Gian...Soh de vestido de noiva, hein! Dica! HUAHUAHUAHUAHUAHU

(:

celodias15 disse...

É Gian, essa foi uma das melhores viagens da minha vida, e vc foi um excelente guia =P
Me surpreendi positivamente e alguns momentos nunca mais vou esquecer, como a emoção de entrar e sentir aquele lugar q vc perdeu o folego e etc.( nao da pra detalhar se nao perder a graça pra quem nao foi ainda haha )

Mariana Teresa disse...

"Que se mantenha bela até o meu retorno"

Pena que terei que esperar um pouco mais...

Beijo!

Priscila disse...

Gian,

Eu fui em 2007 e aqui comento
para confirmar o post e o convite.

Foi uma experiência muito
enriquecedora, cheia de artes, emoções e novos conhecimentos.
(sou a da extrema direita)

Este ano minha prima (Camilla Villela) está no Anglo Tamandaré, e é claro....que de tanto ouvir coisas boas sobre você e a viagem, ela irá !!!

Boa viagem a voces!!!

Unknown disse...

Gian, blz?
Passei pela saudosa sala 7 do Anglo Tamandaré em 1998, junto com pessoas que até hoje são meus amigos.
Lembro dessa viagem como sendo organizada pelo Paulão, como você contou.
Mas o fato de ter herdado a viagem, me fez imaginar que algo poderia ter acontecido com o Paulão...
Aconteceu alguma coisa? Ou ele simplesmente saiu do Anglo?
Adorava as suas, as deles e as aulas do Zé Emílio e do Mário (estes de literatura)...
É sempre bom recordar esse tempo bom demais...
Um grande abraço!
Kalil

Gian disse...

Nooossa, sala 7 de 2008, lembro bem dessa sala, A de Humanas.

Sobre o Paulão, até onde sei ele está bem. Saiu do Anglo São Paulo e hoje dá aulas na região do vale do Paraíba (por exemplo, no Anglo de São José dos Campos).

Abraço, valeu a lembrança.