E agora ?
Depois de um ano de atividade frenética, tudo para e descobre-se simultaneamente o tempo livre e a dificuldade de lidar com ele (“Férias é esquisito”). Alguns, incapazes de lidar com a nova situação, tentam descrevê-la usando o vocabulário do ano passado (“Agora estou de férias, de fato e de direito”). Outros vivem na espera de um acontecimento muito importante, e essa espera faz com que qualquer atividade cotidiana se transforme em um ato vazio. É quando sobrevém o tédio. Para espantá-lo, vão ao cinema, assistam “Tokyo” e me falem a respeito.
“To the land of snow and ice”
Estranhamente, vivo em frenética atividade. Reservas, contatos, palestras, roteiros: até o final de janeiro, os Alegres Colóquios estarão na estrada. O blogspot anda errático, nem sempre consigo acessar. Assim, o projeto de redigir um “Diário de Bordo” durante a viagem vai por água abaixo. Lado bom: não carregar trastes eletrônicos (o viajante sábio é o que leva a menor bagagem). Outro lado bom: não me verei na obrigação de registrar pensamentos profundos quando nada acontece.
E agora 2 ?
Estranho mesmo é o movimento do desejo, quando ele só consegue ser aplacado com a aceitação do Outro. Cada vez que dizemos, “eu quero”, duas soluções são possíveis: consigo o que quero ou não consigo o que quero. A situação é completamente diferente quando dizemos “eu quero você”, pois nosso objeto de desejo passa a ser ao mesmo tempo um sujeito possuidor de desejo próprio. Na verdade, cada vez que dizemos “eu quero você”, o que exatamente queremos ? Um sujeito submisso, pois cede ao nosso desejo (e, portanto, tornado objeto) ou um sujeito autônomo, dono do seu próprio querer (e do qual eventualmente nós não fazemos parte) ?