segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Drops


E agora ?

Depois de um ano de atividade frenética, tudo para e descobre-se simultaneamente o tempo livre e a dificuldade de lidar com ele (“Férias é esquisito”). Alguns, incapazes de lidar com a nova situação, tentam descrevê-la usando o vocabulário do ano passado (“Agora estou de férias, de fato e de direito”). Outros vivem na espera de um acontecimento muito importante, e essa espera faz com que qualquer atividade cotidiana se transforme em um ato vazio. É quando sobrevém o tédio. Para espantá-lo, vão ao cinema, assistam “Tokyo” e me falem a respeito.

“To the land of snow and ice”

Estranhamente, vivo em frenética atividade. Reservas, contatos, palestras, roteiros: até o final de janeiro, os Alegres Colóquios estarão na estrada. O blogspot anda errático, nem sempre consigo acessar. Assim, o projeto de redigir um “Diário de Bordo” durante a viagem vai por água abaixo. Lado bom: não carregar trastes eletrônicos (o viajante sábio é o que leva a menor bagagem). Outro lado bom: não me verei na obrigação de registrar pensamentos profundos quando nada acontece.

E agora 2 ?

Estranho mesmo é o movimento do desejo, quando ele só consegue ser aplacado com a aceitação do Outro. Cada vez que dizemos, “eu quero”, duas soluções são possíveis: consigo o que quero ou não consigo o que quero. A situação é completamente diferente quando dizemos “eu quero você”, pois nosso objeto de desejo passa a ser ao mesmo tempo um sujeito possuidor de desejo próprio. Na verdade, cada vez que dizemos “eu quero você”, o que exatamente queremos ? Um sujeito submisso, pois cede ao nosso desejo (e, portanto, tornado objeto) ou um sujeito autônomo, dono do seu próprio querer (e do qual eventualmente nós não fazemos parte) ?

8 comentários:

Renata M. disse...

Eu acredito que o que realmente queremos é que o outro nos queira com a mesma intensidade, do mesmo jeito, reciprocamente.

Pois, a partir do momento em que o outro se tornasse o nosso objeto e, portanto, submisso aa nossa vontade, ele não seria mais a pessoa por quem nos sentimos atraído. Mais para frente nós reclamáríamos que ele está diferente, que ele tinha mudado....enfim, que ele não era mais a pessoa por quem nos apaixonamos.

O que queremos, na verdade, é ver o nosso desejo refletido no outro.

Bom, essa é a minha opinião.
Beijos Gigi! Feliz ano todo!

Renata Zortéa disse...

E agora 1: você tem toda razão, muitas pessoas não sabem lidar com a falta do que fazer (tipo eu), e aí vem o desespero, porque nem sempre o ócio é criativo...

E agora 2: não nos acostumamos a ouvir "não", somos donos de nossos querer e em um instinto puramente egoísta, quando o desejo da posse é mais forte que o própio ciúme, queremos controlar o querer de outras pessoas, e isso é raramente possível, gerando frustração.

TSM disse...

Gian, de fato o período pós vestibular é muito esquisito. Aquilo o que quis durante todo o ano acabou. E agora? O que vou querer? Pelo que batalharei? o que farei?
a idéia do vestibular era um estimulo muito grande. No momento que ele acaba, vem uma sensação de intranquilidade. de fato: "e agora?"
Engraçado que no período de vestibular, as coisas mais banais tinham muita graça, porque o que eu devia estar fazendo era estudando. entao ver um trecho de algum filme da tv, mesmo que curto, já era muito prazeroso. e eu prometia que quando o vestibular acabasse veria todos os filmes do mundo.
vestibular acabou. "e agora"? as coisas parecem que perderam toda aquela graça. voltam a ser banais como foram um dia antes desse tempo doido.

Si Kiomi disse...

Assisti Tokyo. Gostei da transformação Kafkaniana com final "feliz" do primeiro filme [ouvi essa comparação em algum lugar] e achei mto bonita a história dos hikikomoris que retrata o isolamento voluntário - uma tendência, eu acho. Não me simpatizei muito com o filme do mostro [talvez tenha sido essa a intenção], senti uma sensação ruim de nojo...


Férias. Dúvidas... escolhi o curso certo? Vou passar? Prestar bolsa do Anglo? Ganhar na megasena? A Luciana vai andar? hahaha [durr]



Eu esqueceria de tudo se estivesse viajando na Europa. P R I N C I P A L M E N T E de internet! Gian, vai pro Japão... lá é tão legal. Hehe.

Willzito disse...

E agora, José? A luz apagou, o povo sumiu, o cursinho acabou.... quando eu entro em ferias sempre fico pensando em fazer akilo q nao podia fazer antes. As ferias chegam e eu nao faço nada. Vc nunca entra realmente em ferias, agora vc ta na Europa com alunos, ao mesmo tempo q se diverte, ensina. Vc tb faz isso no Anglo, mas aí na Europa eh uma aula mais VIP.

José, e agora? 2: Nao acho q o problema seja nossos diferentes tipos d "querer", o problema eh quando os outros(as) nao nos querem. Queremos q o egoismo venha do lado d la, ou seja, desejamos q a pessoa apenas 'nos queira' e a ninguem mais.
Eu divago quando comento, fico perdido...José, pra onde ?

Alê Bezerra disse...
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Alê Bezerra disse...

Vou abrir uma exceção e fazer um comentário por aqui...
Devo falar que super me identifiquei com o “Agora estou de férias, de fato e de direito”.
Divagando a respeito...
Penso que elas são "de fato", pelo simples fato de não haver inicialmente nada que nos impeça de fazer aquilo que dá vontade, com alguma ponderação do contrato social. rs.
É tempo de sair com os amigos, assistir aquela lista infindável de filmes que ficou de lado ao longo do ano, de tocar um instrumento qualquer, de descobrir novos lugares... de ser mais nós mesmos, basicamente.
Quanto ao "de direito", acho que dispensa uma longa analise, basta olhar no espelho e pensar no ano que passou...
E ainda, sobre "o vocabulário do ano passado", um ano novo se inicia, mas do ano que passou persistem os sonhos e a espera interminável...
Há aquela sensação de que o ano só começará, "de fato", depois daquela lista e a partir dai... Dá-se inicio a um novo ciclo, com outros sonhos, com outros objetivos, com outros caminhos, com outros "desejos"...
O mais difícil disso tudo é colocar em ação o seu próprio "eu"... Se importar menos com o outro pra querer "de verdade". Agir em função de si mesmo, não do outro... Com um pouco de ego mesmo.
Uuuuufaaaa...

Jóhyiss disse...
Este comentário foi removido pelo autor.