Lá pelos lados do Círculo Polar Ártico, as noites costumam ser muito longas numa certa época do ano. Em São Petersburgo, antiga capital da Rússia, desde há muito existe o hábito de celebrar a noite mais longa do verão, a “noite branca”, com uma série de festas ao ar livre, envolvendo música, dança, banquetes, fogos de artifício, e que duram até as primeiras horas da manhã. A partir dos anos 90, para celebrar a unificação de Berlim pós-Guerra Fria, um evento semelhante começou a ocorrer anualmente na cidade. Algum tempo depois (2002), o prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, inaugurou a primeira “Nuit Blanche”, que passou a inspirar eventos semelhantes em todo o mundo. Em São Paulo, a Noite Branca (chamada de Virada Cultural) ocorre desde 2005.
A Virada Cultural representa talvez o único momento do ano em que São Paulo transforma-se em uma cidade em que vale a pena se viver. A meu ver o que dá gosto a uma cidade são aquelas pequenas surpresas que se espalham pelo tecido urbano: vira-se uma esquina e algo provoca espanto, olha-se para o lado e tem-se uma vista inesperada, caminha-se pelas ruas e algo acontece. Na Virada Cultural existe essa possibilidade de sair andando pela cidade e cruzar com coisas inesperadas, portanto jogue fora seu Guia da Virada (que saiu hoje na Folha e no Estado) e perca-se pelas ruas do Centro durante nossa noite mais longa.
A Virada Cultural representa talvez o único momento do ano em que São Paulo transforma-se em uma cidade em que vale a pena se viver. A meu ver o que dá gosto a uma cidade são aquelas pequenas surpresas que se espalham pelo tecido urbano: vira-se uma esquina e algo provoca espanto, olha-se para o lado e tem-se uma vista inesperada, caminha-se pelas ruas e algo acontece. Na Virada Cultural existe essa possibilidade de sair andando pela cidade e cruzar com coisas inesperadas, portanto jogue fora seu Guia da Virada (que saiu hoje na Folha e no Estado) e perca-se pelas ruas do Centro durante nossa noite mais longa.
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O que quero dizer é que uma cidade é prazerosa quando há uma descoberta a ser feita, e isso implica em andar a pé, pois só a caminhada a pé oferece o tempo necessário para proporcionar essa descoberta.Uma cidade é boa quando nela caminhamos sorrindo. A arquitetura certamente tem papel fundamental na trama das descobertas. Anos atrás fiquei absolutamente encantado com a cidade de Praga, pois cada fachada trazia algo que nunca tinha visto e mesmo cada interior me surpreendia, seja com um corredor ou uma escada ou uma simples fechadura, trabalhados de uma forma diferente, pensados de uma forma surpreendente. Porém, quase sempre dentro da estética Art Nouveau. Depois de uma semana na cidade, quando já estava quase começando a perceber os truques Art Nouveau, eis que viro uma esquina e me deparo com o edifício Ginger & Fred (foto), de Frank Gehry, plantado ao final de duas séries de fachadas fin-de-siécle. Foi a primeira vez que ouvi falar de Frank Gehry, aliás o prédio me surpreendeu tanto que eu tinha que saber quem havia sido seu arquiteto. A surpresa das formas, o suave movimento das linhas, além do caráter lúdico do edifício (expresso no seu próprio nome), tudo isso causou espanto, sorriso... deslocamento do mundo das formas banais do cotidiano.
Mas a arte também tem o seu papel no encantamento que uma cidade proporciona, e é por isso que os alegres leitores deste blog já se acostumaram com meu elogio à arte de rua, ao grafite, em oposição à pixação. A cidade é um espaço aberto à intervenção artística, e quanto mais essa intervenção for espontânea, melhor. Daí a graça da versão paulistana (2005) da Cow Parade, quando uma série de vacas de plástico em tamanho natural foi espalhada pela cidade, sempre pintadas em cores esdrúxulas, provocando uma surpresa, um sorriso. Saíamos do metrô e lá estava uma vaca, com seu aspecto imbecil e bovino, pintada de roxo e nos contemplando. Alegrava qualquer manhã. Ou ainda a graça dos flash mobs, como o recentemente realizado no parque do Ibirapuera: que cidade maravilhosa é essa, em que estamos andando e de repente topamos com a multidão engajada em uma intensa guerra de travesseiros ! Aliás, para quem assistia aos desenhos do Pica-pau, veja o flash mob mais engraçado de todos os tempos, ocorrido anos atrás ao lado do MASP: www.youtube.com/watch?v=i7m9xBK7BFY&feature=related. Morro de rir cada vez que revejo esse vídeo, lamento não ter estado lá.
Mas a arte também tem o seu papel no encantamento que uma cidade proporciona, e é por isso que os alegres leitores deste blog já se acostumaram com meu elogio à arte de rua, ao grafite, em oposição à pixação. A cidade é um espaço aberto à intervenção artística, e quanto mais essa intervenção for espontânea, melhor. Daí a graça da versão paulistana (2005) da Cow Parade, quando uma série de vacas de plástico em tamanho natural foi espalhada pela cidade, sempre pintadas em cores esdrúxulas, provocando uma surpresa, um sorriso. Saíamos do metrô e lá estava uma vaca, com seu aspecto imbecil e bovino, pintada de roxo e nos contemplando. Alegrava qualquer manhã. Ou ainda a graça dos flash mobs, como o recentemente realizado no parque do Ibirapuera: que cidade maravilhosa é essa, em que estamos andando e de repente topamos com a multidão engajada em uma intensa guerra de travesseiros ! Aliás, para quem assistia aos desenhos do Pica-pau, veja o flash mob mais engraçado de todos os tempos, ocorrido anos atrás ao lado do MASP: www.youtube.com/watch?v=i7m9xBK7BFY&feature=related. Morro de rir cada vez que revejo esse vídeo, lamento não ter estado lá.
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Penso em tudo isso enquanto planejo a viagem deste ano para Ouro Preto. Dentre todas, foi a cidade que mais me surpreendeu.