Desde há muito Paris deixou de ser uma cidade e passou a ser uma marca, tão falada e comentada, disputada e visitada, que dificilmente percebemos que ainda existe uma cidade debaixo daquela massa compacta e espessa dos discursos e imagens. De tão citada, mostrada e reproduzida, Paris passou a ser uma cidade imaginária.
Paris vende, ainda mais no Brasil depois que a valorização da moeda nos tornou a todos uns globetrotters: agora a classe média pode ir a Europa, e Paris passou a fazer parte da memória afetiva de multidões de brasileiros. A indústria cultural se move. Nos cinemas, a simples presença do nome da cidade no título do filme, já serve para atrair milhares de saudosos de Paris. Nas livrarias, não é raro uma prateleira dedicada a Paris, e que apresenta muito mais que os tradicionais guias de viagem. Camisetas e roupas com o nome Paris também estão por todos os lados. Pois Paris foi engolida e cada vez que cruzamos com essa Paris imaginária, ela se torna mais imaginária do que nunca.
Todavia, no meio da avalanche, há tesouros a serem descobertos. Ontem revi “Paris, je t’aime” – título mais apelativo impossível – e descobri que gostei do filme muito mais do que poderia imaginar. Trata-se, basicamente, de uma seleção de curtas e algumas das histórias contadas no filme melhoraram tremendamente com o tempo. Segue abaixo a fala final de Carol, personagem interpretada pela atriz norte-americana Margo Martindale, no último episódio do filme, “14e Arrondissement” (direção Alex Payne):
Et puis, quelque chose m’a arrivé, quelque chose difficile de décrire.
Paris vende, ainda mais no Brasil depois que a valorização da moeda nos tornou a todos uns globetrotters: agora a classe média pode ir a Europa, e Paris passou a fazer parte da memória afetiva de multidões de brasileiros. A indústria cultural se move. Nos cinemas, a simples presença do nome da cidade no título do filme, já serve para atrair milhares de saudosos de Paris. Nas livrarias, não é raro uma prateleira dedicada a Paris, e que apresenta muito mais que os tradicionais guias de viagem. Camisetas e roupas com o nome Paris também estão por todos os lados. Pois Paris foi engolida e cada vez que cruzamos com essa Paris imaginária, ela se torna mais imaginária do que nunca.
Todavia, no meio da avalanche, há tesouros a serem descobertos. Ontem revi “Paris, je t’aime” – título mais apelativo impossível – e descobri que gostei do filme muito mais do que poderia imaginar. Trata-se, basicamente, de uma seleção de curtas e algumas das histórias contadas no filme melhoraram tremendamente com o tempo. Segue abaixo a fala final de Carol, personagem interpretada pela atriz norte-americana Margo Martindale, no último episódio do filme, “14e Arrondissement” (direção Alex Payne):
Et puis, quelque chose m’a arrivé, quelque chose difficile de décrire.
(silêncio)
Assise lá, un être seule dans un pays étranger, loin de toutes les gens que je connais, un sentiment est venu a moi. C’était comme je me souvenait de quelque chose que je n’ai jamais connu ou que j’avais attendu toujours, mais je ne savait pourquoi. Peut-être c’était quelque chose que j’avait oublié ou quelque chose que m’a manqué toute la vie. Seulemant je pouvait dire que j’ai senti, au même temps, la joie et la tristesse, mais pas trop tristesse, parce que je me sentait vivant. Oui, vivant.
Vai sem tradução, o francês dela é impagável, intraduzível. O trecho tem que ser ouvido, mais do que lido: veja o episódio todo em http://bit.ly/Ns0gD , com legendas em inglês. Além disso, o trecho citado acima faz lembrar um fragmento de Camus, que apareceu no blog no início do ano: http://bit.ly/4livo3 .
Deixo as palavras de Carol como despedida. Nos próximos dias, os alegres colóquios serão realizados em Ouro Preto, só voltando em agosto. Abraços a todos.
Deixo as palavras de Carol como despedida. Nos próximos dias, os alegres colóquios serão realizados em Ouro Preto, só voltando em agosto. Abraços a todos.