domingo, 2 de novembro de 2008

Grafite e pixação



No jornal O Estado de São Paulo de hoje há uma interessante matéria sobre grafites pintadas nos muros de São Paulo. As fotos (e a paginação) são ótimas, encontram-se no caderno Metrópole, páginas C6 e C7.

A partir do Anglo Tamandaré, temos oportunidade de conviver com alguns belos exemplos de grafite do bairro da Liberdade e, não sei se alguém reparou, mas andou rondando a porta do Anglo na semana passada ninguém menos que Titi Freak, um dos mais inspirados grafiteiros em ação hoje em dia. Com sua bolsa de sprays e braços tatuados, ele pintou um muro na rua Tamandaré, um pouco acima do Anglo, próximo ao Frans Café e à igreja ortodoxa russa. Convido todos a uma visita: trata-se de uma explosão de cores com a forma aproximada de um peixe. Enfim, mais um muro libertado do cinza.

O texto da reportagem de hoje do Estadão fala do reconhecimento desses artistas e do valor de suas obras. E o reconhecimento é internacional: na foto do blog, uma obra de osgemeos (Otávio e Gustavo Pandolfo), pintada na parede da galeria Tate Modern em Londres, onde houve uma interessante exposição de grafites e "street art" neste ano. Já exibi uma imagem de osgemeos no blog, na semana passada: uma lata de spray é o prêmio para quem advinhar qual imagem. Porém, o reconhecimento do grafite gerou ódio na turminha fascista do não-tenho-nada-a-dizer-ao-mundo-exceto-meu-nome: em outubro, vários exemplos de grafite da cidade de São Paulo começaram a ser pixados, rompendo o pacto que sempre existiu entre grafiteiros e pixadores. Transbordando de ciuminhos, os pixadores deram mais um passo na direção da marginalidade de que tanto se orgulham. O que eles ainda não perceberam é que a marginalidade levada às últimas conseqüências leva somente ao de*sa*pa*re*ci*men*to.
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Sobre a exposição da Tate: www.tate.org.uk/modern/exhibitions/streetart

5 comentários:

Unknown disse...

os pixadores protestam a comercialização do grafite tambem...bem chato ver algumas obras vandalizadas

titi freak estava lá na tamandaré quarta-feira , ele é bem freak mesmo

Bruno disse...

Ahh! fikei a tarde toda vendo o titi fazer o muro! ele eh mto simpatico e eh engraçado presenciar os comentarios q as pessoas faziam enquanto passavam por la. e gian, a imagem q vc postou no blog eh a parte d fora da galeria fortes vilaça, qndo osgemeos expuseram lah, vc foi? foi mto boa! (quero minha lata d spray eim! hahaha)e se o pessoal quiser ver mais coisas do titifreak pode ir na galeria choque cultural q eh bem bacana. abraço giaaaaaan!
bruno gonçalves - sala 02 manha

Emy disse...

Posso reivindicar minha lata de spray (mesmo preferindo os lapis de cores...)? A imagem amarela com narigaum...obvio.

Com a Lei da Cidade Limpa apagaram um painel bem grande dos gemeos Pandolfo que ficava na 23 de Maio. Digamos que funcionarios da prefeitura nao perceberam que o muro estava inteiro grafitado e jogaram uma boa mao de tinta branca em cima. Coitados, fizeram o que lhes foi mandado.

Gian disse...

Que legal que vcs repararam no nosso heróico titifreak, pensei que eu tinha sido o único. Fiquei curioso em saber o que as pessoas comentavam enquanto passavam por ele.

Quanto ao painel apagado, acho que ficava naquela Ligação Leste-Oeste, e não na 23. Foi um crime, uma bola fora fenomenal da Prefeitura. Mas, o Cidade Limpa em geral é interessante: acabou com o que eu chamo de "hiper-grafismo" que existia na cidade, deslocando um pouquinho mais aqueles que escrevem nomes e palavras e letras por aí.

Mariana Teresa disse...

Interessante reparar também que o graffiti, muitas vezes, tem algo a mais a dizer, como uma crítica ou uma denúncia. Na revista Piauí deste mês saiu uma reportagem sobre o graffiteiro britânico Bansky, que faz imagens bem polêmicas e extremamente bem feitas.
No site: http://www.banksy.co.uk dá pra conhecer bastante.
Com a arte nas ruas, temos acesso livre em ambientes reais. O impacto em ver uma denúncia no meio da rua muitas vezes é maior do que vê-la dentro de um bem comportado museu, já que não nos preparamos antes. O graffiti nos pega de surpresa.

Gostei do que você escreveu, vou prestar mais atenção por onde passo. Infelizmente, cores não chamam tanto a minha atenção quanto deveriam, devido ao bombardeio de imagens diárias. Mas muitas saltam no meio de uma cidade cinza.