Eu me inclino perante a memória, perante a memória de qualquer pessoa. Quero deixá-la intacta, pois ela pertence ao ser humano que existe para ser livre. Não oculto minha repugnância por aqueles que se permitem submetê-la a operações cirúrgicas, até que ela se assemelhe à memória dos demais. Que operem o nariz, os lábios, as orelhas, a pele e os cabelos, o quanto quiserem operar; que implantem olhos de outra cor, se tiver que ser assim; também corações estranhos, que pulsem por mais de um ano; que apalpem tudo, aparem, alisem, igualem, mas que deixem a memória em paz.
Elias Canetti, Uma luz em meu ouvido. Instigante mesmo é o conceito de liberdade que surge do texto: ser livre é possuir memória.
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A partir de hoje, começo a ilustrar os posts com imagens captadas por pessoas "reais". A foto acima foi devidamente roubada de Bianca T.
4 comentários:
:)
que surpresa. essa foto tem versão-desenho no meu caderninho. fiquei umas boas horas nesse pedacinho de colônia do sacramento, uruguai. e hoje me vou lá pras tuas terras (paris!).
besos y feliz año.
Ser livre é possuir memória, ok. Mas ser livre é tão bom assim?
Não sei... Por que vc não pergunta para os personagens daquele filme que vc queria ter gostado mais ?
Acho que todos eles responderiam que queriam ser livres de alguma forma... o que não significa que eles foram mais felizes por isso.
Mas Gian, escreva sobre o filme, quero saber o que você achou dele!
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